Estávamos corpo a corpo, grudados.
Apertei-o forte em meu peito. Me movimentei. Ele percebeu e me olhou na escuridão.
- Está tudo bem?
- Não vá embora.
Ele me olhou, e sorriu com o canto do lábio.
- Meu amor, mas para onde eu iria?
Como explicar para ele o furação que se passava em meu coração, que todas as manhãs entendia que a vida era para ser vivida. E que ela poderia transformar juras de amor em nada, em esquecimento. Como explicar que por baixo dessa mulher que o apoiava em todos os momentos, segura, confiante, existia o medo, a insegurança, o ciúme. Como explicar que ela percebia que o destino dos dois seria cruel, e que eles estavam adiando o sofrimento. Mas que o sofrimento estava todos os dias sussurrando no ouvido. Como contar que já fazia uma semana de pesadelos sem ele. Não era fácil apenas dizer "amor, acho que o mundo não me acha digna de ti". Como contar do coração apertado e dolorido todas as manhãs. Como contar dos meus temores se ele era todos os dias tão confiante.
- Só não vá.
E abracei-o novamente. Ele me abraçou. De alguma forma eu entendia o quão difícil era amar.
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