terça-feira, 16 de abril de 2013

para ele

             Deitei ao lado dele naquela cama de solteiro, o colchão era tão antigo que estava marcado, nos obrigando a ficar mais juntos. Depois de tanto tempo, lá estava eu sentindo seu calor novamente, sentindo seu cheiro e escutando seu coração. Pensar que eu achava que as coisas poderiam estar fora do lugar, mas percebi que nada poderia destruir tudo o que eu e ele construímos, toda a certeza que tínhamos. Mas, para mim, o pior era sabermos que  a vida nos chamaria lá fora, e que aqueles dias de calmaria um ao lado do outro chegariam ao fim, a cada dia se aproximava o nosso retorno a vida real. 
            Nos olhamos na escuridão, seus olhos denunciavam a saudade, e me faziam sentir em casa, naqueles minutos nos olhando, escolhi me calar, percebi que apesar de tudo aqueles seriam os nossos minutos sem euforia e sem risadas, seriam os minutos de reconhecimento um do outro. Estávamos tão perto que nossos narizes se encostaram, senti seu ar, e respirei-o, como eu queria que ele estivesse em mim, que nunca mais saísse de mim. Em segundos todas as nossas melhores recordações pareciam tão vivas, minhas tatuagens do coração antes adormecidas pareciam estar pulsando em meu peito. Ele balançou o nariz dando um "beijinho de esquimó" e deu aquele meio sorriso, que só ele dava.
           Eu o amava, como o amava! Nos beijamos...pele, beijo, mordida, toque, abraço, mão com mão, mão no rosto, mão no cabelo, mão na perna, beijo, beijo, beijo...nosso melhor beijo estava de volta...
Deitamos de conchinha, estava quase dormindo quando ele sussurrou em meu ouvido: "te amo, sempre vou te amar", me puxando ainda mais perto de si, como eu queria que conseguíssemos nos fundir um no outro, como eu queria que nosso encontro não tivesse fim. Sentia que ele começava a chorar, e eu comecei a chorar também, mas não me virei continuei na mesma posição com os olhos fechados e as lágrimas escorrendo do meu rosto. "Queria que tudo isso não terminasse", eu disse. Ele passou a mão no meu cabelo. "Eu também não." Logo depois dormi, com a esperança de que o dia seguinte fosse o mesmo que o passado, que o tempo não estivesse passando, que teríamos o nosso para sempre, pra sempre.
        

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