sábado, 2 de janeiro de 2010

E eu fiz de tudo pra você perceber...

Peguei o violino e o coloquei em meus ombros, o arco já estava entre meus dedos e rapidamente encostei a crina nas cordas. Com pequenos stacattos na corda solta comecei a melodia, meus dedos moviam-se em harmonia e a caixa produzia uma ressonância jamais vista, estava criando algo que nem eu pensei ser capaz de produzir. Diminui o andamento e a melodia saía como um choro melancólico que invadia a sala e inundava os comodos do meu apartamento, meu coração disparou. Tinha certeza que não era eu a guiar aquele arco. Eu e o violino estávamos em sintonia, ele estava me guiando, eu sabia e deixava. Os movimentos aceleraram entrando em um Allegro. Meu corpo se inclinava para um lado e para o outro para ajudar na composição. Não sei quanto tempo parmaneci naqueles movimentos, mas sem perceber acabou, meu braço continuou parado sobre as cordas. Eu não sabia como havia produzido aquilo, mas tinha certeza que não conseguiria novamente.