sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Antes de tudo

Observava pela janela e acabei caindo na maior das minhas confusões. O envolvimento era diferente eu sabia, e eu não nutria esperança nesse futuro. Não havia esperança. Demoraria muito tempo, exercitaria muita paciência e muita luta. " Não valia a pena", já escutara essa frase antes e naquela época eu também chegara a conclusão que não valia, mas eu queria que valesse. E por isso, ansiava pelo dia seguinte por alguma mudança inesperada.

Mensagens de futuro? Isso me confundia horrores, que droga.

O quanto deveria me envolver? Nenhuma resposta.

"Licença?" pediu uma senhora que desejava se sentar no banco ao lado do meu.

"Claro!", respondi.

Observei o onibus por alguns segundos e antes que aquele devaneio anterior retornasse peguei rapidamente o diapasão que ficava no bolso da blusa da escola, bati no meu pulso e imediatamente estava solfejando a escala de Ré M, algumas pessoas me olhavam assustadas por escutarem algumas notas em que murmurava, mas isso não importava para mim.

" Onde está a policia nessas horas?"

Fui tirada do meu estudo rapidamente.

" Desculpa, o que disse?", perguntei não querendo ser indelicada.

Ela apontou para fora, para o outro lado da rua.

E imediatamente eu esqueci o que estava cantando, esqueci o lá.

Ele estava sentado em um degrau de uma loja de imóveis, estava posicionado de forma a conseguir ficar longe do Sol que a cada hora se aproximava mais de sua pele. Não tinha uma aparência saudável, sua magreza não era apenas falta de comida, mas também de compaixão. Seus ossos apontavam para fora de sua pele como se fossem rasga lá a qualquer momento, o corpo estava imundo. Sentado o menino observava as pessoas que passavam , mas ninguém sentia a presença dele, nem o olhavam. Abaixou a cabeça e começou a brincar com seus dedos do pé, e riu.

Será que eu era a única pessoa que se perguntava sobre a história dele? Qual era o seu nome? O que fazia ali? O onibus andou, mas eu sentia em meu peito a necessidade de fazer algo, eu tinha que mostrar que existiam pessoas que ainda acreditavam no bem de cada um! Então, ao chegar em casa, escrevi o primeiro capítulo da história daquele garoto, baseando se apenas na minha imaginação e no que acreditava.

E assim começa a história.

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